segunda-feira, 14 de março de 2011

Presente

Há muito tempo atrás desenhei uma mulher malvada como a madrasta da Branca de neve. Há muito tempo atrás eu temi sapos de maneira fóbica. De lá desse tempo , onde fugia de mim, achando que os homens eram portadores de um veneno como o dos sapos e eu me tornaria uma mulher perigosa como a Bruxa da Branca de neve. Apareceu  mais uma peça do quebra cabeças. Uma peças de carne e ossos. Um presente.

     Um amigo que não via há 20 e tantos anos , com carinho e afeto jorrando por todos os lados, voltou falando de uma "Paula" que eu não via há muito tempo. Me olhando no espelho hoje não sou tão bela quanto Branca de neve . Nunca mais desenhei, nem pra espantar a noite escura. Não temo mais os sapos, mas também, não ando por aí livremente. Me olhando no espelho entendi porque tinha medo de me tornar a madrasta malvada : a vida vai machucando a gente e deixando a mocinha cheia de luz e beleza , feia e amargurada.
Eu entendi porque eu temia que os homens fossem venenosos e ariscos como os sapos: alguns vão perdendo a capacidade  de amar  e distribuindo seu sofrimento de boca em boca.

     Que eu acorde desse feitiço com esse presente que veio de vinte e tantos anos atrás . Que a mulher não seja só amarga e desenhe , escreva,dance e faça tudo o que quiser e espalhe a luz . Que o sapo não envenene mais , que ele  movimente a vida ,não seja mais escorregadio  em fuga. Que eu receba o que veio de tão longe de presente me lembrando do que realmente sou , ganhando força para ir em frente.

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