BULLYING

     Você sofreu bullying? Eu sofri. Hoje li um relatório do IBGE com os resultados de uma pesquisa de 2010 em que 31% dos alunos relataram ter sofrido algum tipo de bullying.
Uma forma de preconceito que se caracteriza por agressões físicas e/ou psicológicas que causam sofrimento e humilhações a um  indivíduo ou a um grupo e que deixam sequelas e podem até levar ao suicídio.

     Na adolescência, onde tudo é mais intenso, e onde ser parte do grupo , ser igual é de extrema importância , viver á margem , tem cores dramáticas. Talvez por isso eu não esqueça de quando eu fui exposta por uma professora  ao riso de uma classe inteira por não corresponder ás suas expectativas num trabalho de desenho. Até hoje ao relatar esse fato aqui sinto-me ofegante e com o coração disparado.
Depois disso meu amor pelo desenho ficou ligado á dor e nunca mais desenhei. As marcas ficaram em mim. A humilhação pública aos 12 anos me roubou algo precioso, irrecuperável.

     Os jovens como eu era na época, não tem defesas suficientes, pois sentem-se como se estivessem com uma arma apontada em suas cabeças: acuados, rendidos.  Ninguém merece ser roubado pelo que é. Ninguém merece ser roubado por ser único, especial, diferente. Acho até que essa é a chave da questão. A arma apontada na cabeça foi colocada lá por bandidos que desejam algo precioso. Ninguém rouba nada sem valor. Malditos bandidos invejosos!
Vão roubar a singularidade, a preciosidade que chamam de diferença e tratam com desprezo e ainda deixam como cicatriz a impressão de que o que temos de especial é ruim!
Eles que na sua lógica torta, acreditam que não poderão ter algo por meios próprios ,então, tiram. Ou pior: se não são capazes de ser algo, que ninguém seja, então destroem, com socos, palavrões ,palavras humilhantes ou tiros.
  
     Com os olhos cheios de lágrimas desejo comover e fazer pensar ,com minhas palavras mesmo que seja uma só pessoa.
Apesar de saber que muitos ainda estão por ai a chutar, a bater, a humilhar ou a distratar os outros, simplesmente porque não acreditam que podem ser o que são. Simplesmente destruindo preciosidades que nem sequer são capazes de nomear.


                                            Dedicado á Irmã Suzana , minha professora  de desenho,
                                         que não era livre e por isso roubou a minha LIBERDADE
                                         que estava representada  por aquele belo passarinho que
                                         desenhei.