domingo, 20 de novembro de 2011

As cobaias

     A história da humanidade está pronta para um grande passo. Em 1 ano deve haver uma decisão judicial nos USA que proíbe a utilização de símios nas pesquisas invasivas, incluindo chimpanzés, bononbos, gorilas e orangotangos. Esse tipo de pesquisa, só é permitido nos USA e no Gabão.
    
    As marcas da importância da relação do homem com o animal são evidentes. A força motriz do cavalo puxou o homem por milênios.  A criação de gado, carneiros, galinhas, alimentou o homem e proporcionou uma melhor qualidade de vida doméstica , liberando-nos das instabilidades da pesca e da caça. Mas cada vez caminhamos para mais longe da parte que nos tornava parte da natureza, como seres semelhantes aos animais, irmãos deles, dependentes de comida, ar e água como ele, dependentes da mesma natureza que eles. Como já não éramos mais "irmãos", nem fazíamos parte de uma cadeia alimentar, como presas ou predadores, lutando pela vida, podíamos usufruir dela, como donos, como se estivéssemos á parte, acima, no poder. E assim foi feito. Usamos a mata, os recursos hídricos, a fauna, com todo poder que cabe ao dono. Usamos até os homens que consideramos menores e escravizamos. Usamos e destruímos.
    
    Mas continuamos a ser os seres da natureza que negamos, os homens "irmãos"  dos animais, parte das cadeias alimentares, ser biológico, evoluído de símios como toda a natureza evoluída de outros seres .Daí a importância do fim das pesquisas com os primatas, nossos "irmãos na evolução" : a mudança de padrão de relação do homem com os animais e com a natureza de uma relação de poder e de
"não pertencimento" para uma relação de igualdade.
   
    Mas do mesmo modo que a evolução demonstra a importância desses primatas para os homens,
as marcas da utilização de primatas estão nas descobertas científicas e em nossas almas, para sempre. Mesmo que queiramos esquecer ou apagar. Minha gratidão á esses seres que deram suas vidas por nós. Que chegue logo o fim desse sacrifício!


 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O mundo travou ou fui eu?

     Tudo travado hoje. O dia em que as burocracias resolveram se voltar contra mim! Minha primeira e raivosa reação foi tentar argumentar , abrindo os olhos do mundo , de que o importante estava sendo deixado de lado em nome do detalhe, do carimbo, do papel, dos programas de computador. Agora inventaram a burocracia dos sistemas informatizados: o demônio mora nos bits e chips. Mas os argumentos não desemperraram minha vida. E lá demônios se assustam com caras feias e reclamações inflamadas?

    Como não havia outra coisa a fazer, fiquei com minha raiva, e, fui pro meu dia, sem minhas coisas resolvidas e contrariada. Mas não é que ficar com a raiva que me cabia foi de grande utilidade?

    Saí resolvendo problemas uma á um energéticamente. Alguns emperrados há dias. Coisas chatas, que exigiam uma certa força e determinação e que eu, meio preguiçosa, deixava pra lá. Mas que hoje,  acesa que estava, não aguentava esperar.

    Não salvei o mundo, nem conquistei nenhum continente inexplorado, mas o que senti , mesmo esses sentimento dito desprezível e vil, a raiva, foi bastante proveitosa. Se ficasse dentro de mim certamente se transformaria num gigantesco mal humor. Ou pior, sairia pelas ruas descontando em inocentes no trânsito de São Paulo já tão estressado, ou no telefone com todos os atendentes dos infernais sistemas de  informática que encontrei pela frente.

     Mas a vida destravou. 

    O rio corre agora suavemente no seu curso normal.  

terça-feira, 17 de maio de 2011

Seres humanos

     Novas  pesquisas foram divulgadas amplamente pela imprensa provando que dores de amor são reais.Que foram medidas e comparam-se as doenças físicas e merecem cuidados pois podem ser detectadas em tomografia como afetando gravemente o cérebro na região responsável pela dor.

     Nada de tão inacreditável para quem como eu, lida como as "dores da alma" e percebe o ser humano como um todo inseparável. Claro que nossos problemas, mesmo que subjetivos ,nos afetam, nos adoecem e esses efeitos podem ser aferidos no corpo. Como também os problemas de saúde , afetam a psique, gerando ansiedade, depressão, estresse,etc.

     Quem pode dizer qual parte é mais importante? Qual parte determina o que:o corpo ou a alma? Não podemos.
Dividimos tudo, numa tentativa racional de compreender , de racionalizar, de tornar mais simples. Mas isso que histórica e culturalmente serviu para a compreensão hoje divide ao invés de somar, pois ficamos com a compreensão menor da natureza humana, vendo-a cheia de compartimentos, que muitas vezes não demonstram o que todo.

     Seres humanos são mais que cérebros, músculos e reações químicas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Angústia

     Um mal estarão real que invade o peito e provoca dores no coração. A alma se manifestando no corpo. Muitos vão aos hospitais procurando bálsamo para suas dores. São entupidos de tranquilizantes e, confusos, tentam entender o que dói em seus corações.
     Não é uma artéria ou músculo visível em exames e tratável com angioplatias. É dor de sentimentos que foram se acumulando e que se expressaram no corpo, já que somos seres de corpo é alma inseparáveis as dores da alma podem se manifestar também no corpo.

     Se a vida não anda, se a realidade está difícil de encarar, se tentamos , mas está dolorido seguir em frente, com certeza, sentiremos angústia. Que coração estaria feliz se seu "dono" estivesse estagnado na vida, ou vivendo uma ilusão?

     A vida é pra ser vivida e mesmo que não nos pareça boa o natural é o movimento , não a paralisação. As pessoas que enfrentam as dificuldades sentem-se capazes e viventes. Como sabem a maioria das mães, tem maior resistência quem enfrentou os micróbios e bactérias.

     Se tocarmos o tórax de uma pessoa angustiada sentiremos um enorme "nó" em seu peito. Isso parece simbolizar corpóreamente que está obstruindo a continuidade da vida. Que mesmo que vá por caminhos duros e pedregosos momentâneamente, sempre segue.

     Respirando fundo e massageando o nó do peito, sigamos em frente. Nada é permanente.
    

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sem amor não somos nada

"" Ainda que eu falasse as línguas
   dos homens e dos anjos,
   se eu não tivesse amor,
   seria como sino ruidoso
   e como címbalo estridente.

  Ainda que eu tivesse o dom da
profecia,
  o conhecimento de todos os mis
térios e toda a ciência;
 ainda que eu tivesse toda a fé,
 a ponto de transportar montanhas,
 se não tivesse amor,
 eu não seria nada.

...
  Agora, portanto,permanecem estas
três coisas:
  a fé, a esperança e o amor.
  A maior delas porém é o amor.""
                            CorintiosI ,1, 13


     Acordei com dor nas costas, depois de uma noite mal dormida. Corpo duro, dias duros. A vida toda ali refletida. Como sempre é aliás. E fui carregando essa dureza pelo meu dia, num mal humor infernal.

     Mas uma  cena em plena marginal me chamou a atenção pra necessidade de desfazer os nós e amolecer: a expressão fechada do rosto mudou instantâneamente. O coração foi amolecendo aos poucos. Um casal seguia numa moto  e a moça no lugar do carona se agarrava ao piloto. Ele dirigia sem desespero (coisa incomum para motoqueiros em São Paulo) e pousava uma das mãos na coxa da mulher afetuosamente. Uma cena de amor explícito no meio de tanta poluição , asfalto e dureza.O trajeto naquele corredor poluído foi feito com amor.

     Comecei a ver amor por todos os lados no meio da cidade. Recebi um aceno sorridente de uma criança em um carro á minha frente no congestionamento, flagrei uma mulher ajudando uma senhora a atravessar a rua no semáforo, olhei o céu...

     Nem sempre o amor vem de quem ou de onde esperamos.
Mas ele está ai, no céu, nas pessoas que cruzam conosco nas ruas, nas palavras que recebemos. As vezes escolhemos o desamor ao invés do amor. As vezes nem o enchergamos!

     Mas "se não tivesse amor eu não seria nada."


 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A independência e o relacionar-se

     Hoje em dia todos tão sobrecarregados de tarefas desde a infância que parecemos robôs programados para a independência , para a vida competitiva. Ainda que nossos corpos não sejam como máquinas programáveis e nossas almas não acompanhem a evolução tecnológica. É como se negássemos coletivamente a existência de limites humanos, diferenças,sentimentos, sentimentos, culturas ou psiques. É como se não houvesse nem uma relação entre mente e corpo e espírito. Como haveria então uma relação adequada entre pessoas? Como relacionar-se com seres humanos com sentimentos, diferenças, limites, se somos tão independentes?

     No século passado surgiram tantos super heróis que povoam o imaginário popular, cheios de super poderes, garras , capas , asas, e capacidades além das que nós humanos , mortais e limitados jamais poderemos almejar que, parece que estamos projetando os desejos de sermos mais do que podemos ser nesses personagens. Estamos nos esquecendo de nos alegrar com o que somos, que mesmo  com defeitos e limitações, merece nossa valorização e desfrute.

     Muitas vezes aceitar nosso lado frágil, dependente, que nos torna menos robôs, mais humanos, mais necessários aos outros e mais abertos ao que o outro tem a nos oferecer também. Que bom que somos tantos e tão diferentes nesse mundo. Que bom que cada um pode contribuir com uma parte.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

"Quanto vale o coração de um homem?"

     Numa semana de sentimentos intensos , onde minha saúde cardíaca está sendo testada , li a frase impactante do título do texto de hoje  no MSN de um paciente *. Além disso, tive várias oportunidades, algumas surreais, de observar como as pessoas se relacionam, compreendo sua dor. Junto-me a ele no time dos que estão de coração quebrado e sentem nada valer os sentimentos mais nobres e verdadeiros nesse mundo cruel!

     As pessoas tem realmente desejado se relacionar? Tem realmente colocado energia , empenho, vontade, sentimento, força, algo realmente seu para que as relações se dêem? O que vejo é que as pessoas brincam de se relacionar, como  crianças que interpretam papéis de  namorados, maridos ou esposas de forma caricata e se contentam com isso, mesmo não sendo mais crianças. Ficam só com o aperitivo do relacionamento. Num mundo onde tudo é virtual, nada é de verdade esse tipo de relação faz mesmo todo sentido, pois nada mais é que uma grande ilusão, um faz-de-conta pra não ficarmos sós pois a natureza humana é relacionar-se.

     "Quanto vale o coração de um homem?"  Eu te digo meu caro, que ele vale muito , mesmo estando rachado. Pois vale quanto mais for capaz de se relacionar-se e escapar dessa armadilha atual de temer viver . Coração bate, forte, devagar, apertado, lento mas depois se enche de vida de novo. Coração duro é que é coração doente.

                                                                 * Autorizado Por Victor D. Santana