sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Paixão

     "Confortai-me com flores, fortalecei-me com frutos,
       porque desfaleço de amor."
                                 Cântico dos Cânticos


     Experiência avassaladora que certamente, todo adulto, pelo menos uma vez  na vida viveu, e num misto de loucura e deleite, ficou envolvido, de forma compulsória por seus próprios sentimentos. Mas uma experiência tão humana que está presente em infinitas  publicações, livros e filmes , talvez como uma forma de nos acalentar e acolher, e, reafirmar que se somos humanos, vivemos ou viveremos pelo menos uma vez essa dolorosa e intensa situação.
  
     A palavra paixão significa sofrimento, o que talvez para alguns seja uma surpresa. Parece inevitável que quanto mais intensa é a paixão , maior o sofrimento. E qual é o motivo disso?

     No estado apaixonado nossa energia toda está voltada para o outro. Sofremos várias alterações como do ciclo de sono, de fome, mudanças na concentração , ansiedade, etc. Enfim, só conseguimos nos focar no objeto de nossa paixão. E como não podemos ter o outro, ser o outro, isso já é sofrido. Perdemos o mundo. Ficamos sem nós mesmos e sem o outro. Um enorme desespero.O mundo parece não existir.

    Esse esquecimento de si mesmo, já é por si só danoso ao corpo e a alma, pois nos afasta de nossas necessidades reais, como fome, sono , amigos, trabalho, capacidade crítica. Mas com o tempo e o desenrolar da relação apaixonada começamos a enxergar o outro melhor e podemos não gostar do que vemos. Pode vir uma desilusão e mais sofrimento.

     E o que fazer então? Nunca se apaixonar? Tarefa impossível já que isso faz parte de ser humano. O que podemos fazer é evoluir de um estado apaixonado para um estado enamorado. Enamorar-se é continuar gostando do outro mesmo com seus defeitos , mesmo tendo vida própria, mesmo tendo críticas ao relacionamento. Enfim enamorar-se é um segundo passo da paixão, mas é mais humano, menos louco e destrutivo e mais suave com nosso coração.

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